terça-feira, 3 de agosto de 2010

O Relato da Espera: a Antecipação da Angústia
É difícil mensurar o reflexo do incerto
As horas perdidas, pensadas no talvez, no quase e na possibilidade
O movimento das pernas, ora à direita - ora à esquerda, não pára
O roer lateral dos dedos - tão vitimizados
Os dias que, somados à espera de respostas, tornam-se anos
E os cabelos, vagarosamente, adquirem novas colorações
Ah!! Se passassem pelas reflexos, o que será que será?
Tão certo e conhecido que é, mas sem finalidade
Ainda na carne, vivemos as angústias do incerto
O temor da possibilidade
E a eloquente afirmação do "talvez"
Somado ao tão famigerado "Será?"
E o que será?
Ponto: angústia constante.
Franciny Tavares.


terça-feira, 13 de julho de 2010

Tu na vida, tu na realidade: Regrado
Sabes?
O que sabes?
Se não a incerteza do amanhã
Se não a ausência de uma proteção
Se não a verdade polida de uma omissão
Sabes?
Que as horas passam
Mas não voltam?
Que o pôr do sol brilha toda tarde?
Mas tu não olhas
Sem tempo
Sem certeza
Tu não caminhas
Tu não observas
Que o dia é lindo
Que as manhãs são frias
E as noites cheias de estrelas
Sabes?
Que tu tens hora para acabar
Que as horas não demorar a passar
E que os relógios não adiantarão
Para contar os minutos da tua partida
Então
Por que é que tu não vives?
Por que te agarras nas superfícies falsas de uma vida?
Por que valorizas o que não é valorizável?
Por que te submetes a viver regradamente?
Numa caixa cheia de palavras e normas, e ausente de felicidade
Por que tu não abres os olhos?
Por que não respiras as manhãs?
Por que não te tocas quando acordas?
Por que tu sempre tens os olhos vendados?
Pelas vestes de uma falsa realidade
Tu não vês que tudo o que precisas está simples
Está em tua frente
Na brisa da manhã
que te refrescas
No brilho do sol
que te aqueces
Nas sombras das árvores
que te umedeci
Na noite estrelada
que te inspiras
Por que tu não te agradas?
Por que és tão vazio?
Porque tu não olhas com olhos coloridos
Teus olhos vêem em preto e branco de uma linha limitada
Na realidade espremida de uma vida regrada.
Promissão, 13 de julho de 2010
Franciny Tavares.

sábado, 3 de julho de 2010

Caminho na minha direção

Eu não sei qual é o caminho
Eu só sei qual é a direção
Eu não sei qual é o seu caminho
Nem o rumo do seu coração
Eu só sei que quando eu surgir
Eu quero a luz
No olhar nítido que você conduz
E nessa estrada quero te encontrar
Sozinho
E poder falar
O que o meu coração quer dizer
Eu não sei o caminho
Só sei a direção que vou seguir
Eu não sei qual é o seu caminho
E nem a direção do seu coração
Só sei que quando eu chegar
A luz vai me iluminar
A voz que sai da minha boca
não vai condenar
Os seus gestos,
O seu jeito
De dizer que foi
Que não estará mais ali
Naquele instante
Naquele momento que passamos juntos
Uma vez
Agora é:
Fato passado
Lembranças de um momento que não volta mais
E terei que seguir meu caminho
Naquela direção que só eu sei
E a direção é a mim mesmo
Caminho sozinha
Mas vou chegar a luz
Dos meus olhos nítidos
E ver que:
Eu não posso encontrar
O caminho certo
nos seus passos.
Franciny Tavares

quarta-feira, 23 de junho de 2010


Queria a pureza desse gesto
A pureza desse olhar.
Ah, faz-se lembrança.

domingo, 20 de junho de 2010

O Saber do meu tempo: o nada

Quem sabe uma hora
Eu vá embora sem pressa de me encontrar

Quem sabe uma hora
Eu veja em outrora
As respostas claras para o "tum tum tum" do meu pulsar

Quem sabe uma hora
Eu veja no relógio os ponteiros exatos para o meu renascer

Quem sabe uma hora
Eu vá mesmo embora, e assim, partida, saberei:
Que na hora da minha presença: nada sou.

Franciny Tavares

quinta-feira, 10 de junho de 2010


Espaço vago entre o peito e a emoção: vazio
Palavra de covardia e humana: medo
Esperança em dias de nuvens e cinza: recomeço
Sentimento de estar só diante de tudo e todos: solidão
Auta-reflexão e análise: auto-conhecimento
Sentido único da vida e temido: final
Mistério bem sucedido: vida
Projeto de amor e paixão plena: ilusão
Busca caminho e luz: incrédulo
Busca e olha somente a si: egoísta
Não se percebe e se doa ao outro: altruísta
Indefinido, Indeterminado e Individual: humano

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Realmente, hoje, quero enaltecer-me em palavras, gestos e observações.
Talvez, apenas hoje, fui a manhã fria que cala as vozes despertadas.
Talvez, apenas hoje, fui como o meio do dia que alimenta o cotidiano
Talvez, apenas hoje, fui o final da tarde de outono fria e gélida a causar
calafrios aos corpos em mudança de temperatura.
Talvez, apenas hoje, fui a brisa, o calor, o frio, fui um conjunto de emoções.
Novamente, amanhã, serei alguém cheia de emoções, sensações e pensamentos
Ora vagos, ora completos
Ora compreensíveis, ora inimagináveis,
Novamente, alguém em mudança constante:
Alguém nômade caminhando por direções plenas
Alguém livre numa cadeia de grades invisíveis
Alguém em busca de respostas
Alguém em busca de tudo e de nada
Cheia de antíteses, hipérboles e pleonamos
Viciada em sonhos e emoções
Sob o caminho de luz, turvo e distante
A espera de se encontrar...
A espera de se compreender...
Ao encontro de si
E com a percepção de que:
A vida é feita de caminhos onde o tudo e o nada estão na mesma direção.

se te encontras sob a cabiceira a pensar em quem és e aonde queres estar
parabenizo-te,
alguns deixam de procurar por si e passam a viver o outro,
sem ao menos se sentir
sem ao menos se encontrar
alguns sentem medo de viverem sentimentos
por medo de perderem os limites vazios
de uma alma insegura, fria, mas cheia de vontades de amar.
Ame a ti,
só assim poderás ceder ao outro.
Frase refletida do dia: Não esqueça de reparar na simplicidade: a genealidade está no respirar, no observar e no cultuar do vivo, tocável e admirável.